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Meio Ambiente

Equilíbrio entre fauna e flora é essencial para a preservação do Cerrado

Livro reúne fotos e informações sobre a interação entre a fauna e a flora.

Por Giulia Bucheroni, Terra da Gente

Guaracava foi registrada comendo fruto do murici — Foto: Marcelo Kuhlmann/VC no TG

Considerada a savana mais rica do mundo, o Cerrado é composto por campos, matas secas e matas de galeria que abrigam cerca de 12 mil espécies da flora e 2.500 vertebrados.

Tamanha variedade, que corresponde a 5% da biodiversidade do Planeta, se deve às relações entre fauna e flora que, juntas, mantêm o equilíbrio do bioma. Foi essa a linha de pesquisa do biólogo Marcelo Kuhlmann.

“O Cerrado é a minha casa. Eu realizo essa pesquisa há mais de 10 anos, sempre interessado em conhecer as espécies nativas. A botânica me permitiu trabalhar com a temática das interações ecológicas entre plantas e animais”, conta o doutor em botânica, que está finalizando a segunda edição do livro “Frutos e Sementes do Cerrado – Espécies Atrativas para Fauna”.

“A obra será apresentada em dois volumes com fotos e informações das plantas e dos animais. O livro foi baseado na ideia de conhecer para valorizar, por isso são úteis para estudantes, técnicos, pesquisadores e todos os interessados em conhecer mais sobre o Cerrado”, conta.

A cutia se alimenta de frutos, sementes, brotos e raízes — Foto: Marcelo Kuhlmann/VC no TG

Guiado pelo objetivo de saber quais são as espécies de plantas que produzem frutos atrativos para a fauna e descobrir quais animais do Cerrado são potenciais dispersores de sementes, Marcelo realizou centenas de expedições a campo no Distrito Federal, em Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia.

As pesquisas reforçaram a importância da conservação do bioma e da restauração das interações ecológicas planta-animal. “Para o Cerrado brasileiro, cerca de quatro mil espécies de plantas e 70% das espécies arbóreas dependem da fauna para dispersarem suas sementes. Além disso, quase 50% das aves e mamíferos do bioma se alimentam dos frutos”, diz Marcelo.

Para o biólogo, entender o processo ecológico da dispersão de sementes na natureza pode ajudar a prever fatores ambientais necessários para a reprodução e sobrevivência da vegetação nativa, assim como auxiliar projetos de recuperação de áreas degradadas.

“Diferentes características dos frutos e sementes, como tamanho, cor, odor, acessibilidade e época de produção influenciam quais grupos de animais serão atraídos. Ou seja, a ausência de determinado animal pode afetar a flora de uma região, assim como a ausência de determinada planta irá afetar na riqueza desses animais”, explica.

Periquito-de-encontro-amarelo comendo guaçatonga — Foto: Marcelo Kuhlmann/VC no TG

INTER-RELACÕES

Áreas com vegetação nativa estão diminuindo cada vez mais, situação que interfere na sobrevivência da fauna. Por isso, o equilíbrio entre a fauna e a flora são essenciais para os ciclos de vida das espécies.

“A maioria das espécies de animais do Cerrado que se alimentam de frutos também complementam a dieta com outros itens, como insetos. No entanto, os frutos são fonte importante de vitaminas e a ausência deles na dieta pode prejudicar a qualidade de vida desses animais”, comenta Marcelo.

De acordo com o biólogo, espécies como o lobo-guará e aves, como saíras, sabiás e gaturamos, são dependentes de plantas específicas, ou seja, seriam prejudicadas com a ausência das mesmas. “Apesar de comer quase tudo, o lobo-guará precisa se alimentar com frequência dos frutos da lobeira, pois estas atuam como vermífugos para o lobo”, explica.

Marcelo alerta sobre a diferença entre as relações de cada espécie. “É importante considerar que nem todos os animais contribuem da mesma maneira ou de modo eficiente na dispersão de sementes. Pequenos roedores, por exemplo, são considerados predadores de sementes. Isso mostra a importância de um ambiente equilibrado, com alta diversidade de espécies, pois elas se compensam e se controlam naturalmente”, completa.

DISPERSÃO DE SEMENTES

As plantas podem dispersar suas sementes de três maneiras diferentes: através do vento, por mecanismos internos da própria planta ou por meio dos animais.

No Cerrado, aproximadamente 70% das espécies arbóreas dependem da fauna para dispersão de sementes. “Plantas das famílias das palmeiras, das pinhas, das figueiras e das pitangueiras, por exemplo, dependem quase que exclusivamente da dispersão por animais. Os frutos carnosos precisam ter as sementes ‘beneficiadas’ para poderem germinar e esse ‘serviço’ é feito pela fauna”, completa.

Já a maioria das espécies herbáceas, designadas ervas, são dispersas principalmente pelo vento e por elas mesmas.

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Assessoria de Comunicação

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